“O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão.
Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em “diálogo”. O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio- ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam “praticamente” apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do “tá bem, tudo bem”, tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.
Já ninguém se apaixona?Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? "
Miguel Esteves Cardoso
Quem me conhece sabe que ando sempre à pressa, quero tudo depressa, se possível 'pra ontem...excepto em trabalhos - mesmo quando tenho muito tempo, deixo sempre tudo para último, porque senão, não iria fazer coisas à pressa...
Depois sou curiosa, gosto de saber tudo (especialmente coisas aparentemente inúteis mas que um dia destes hão-de servir para qualquer coisa - nem que seja para desbloqueador de conversa).
Conclusão...comprei este livro:
De vez em quando tenho estas ausências...estas lacunas no meu próprio espaço. Porque eu sou assim, sou de "marés".
Esta fase que atravesso não é, de longe, uma fase produtiva ou de grande empenho apesar de todo o trabalho que me rodeia...
Não sinto que tenha algo a dizer que vá mudar ou refutar a opinião de alguém, não há nada suficientemente "inteligente" que sinta que tenha de ser dito...não que das outras vezes tenha sido diferente, aliás, nada do que digo faz sequer muito sentido ou demonstra coerência.
Sou uma tela em branco de um pintor indeciso. Nem ele sabe se lhe apetece pintar a óleo ou pastel, nem sabe muito bem se as suas influências - ou as que quer transparecer neste quadro - são impressionistas ou surrealistas...
Ando à minha procura, mas não me encontro...é deixar esta maré passar e esperar por um mar mais calmo...
...é aqui que está toda a minha igualdade quando penso ser a diferença...
"A única salvação do que é diferente é ser diferente até o fim, com todo o valor, todo o vigor e toda a rija impassibilidade; tomar as atitudes que ninguém toma e usar os meios de que ninguém usa; não ceder a pressões, nem aos afagos, nem às ternuras, nem aos rancores; ser ele; não quebrar as leis eternas, as não-escritas, ante a lei passageira ou os caprichos do momento; no fim de todas as batalhas — batalhas para os outros, não para ele, que as percebe — há-de provocar o respeito e dominar as lembranças; teve a coragem de ser cão entre as ovelhas; nunca baliu; e elas um dia hão-de reconhecer que foi ele o mais forte e as soube em qualquer tempo defender dos ataques dos lobos."
Agostinho da Silva, in 'Diário de Alcestes'
"Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia."
Fernando Pessoa
Se possuísse uma canoa e um papagaio, podia considerar-me realmente como um Robinson Crusoé, desamparado na sua ilha. Há, é verdade, em roda de mim uns quatro ou cinco milhões de seres humanos. Mas, que é isso? As pessoas que nos não interessam e que se não interessam por nós, são apenas uma outra forma da paisagem, um mero arvoredo um pouco mais agitado. São, verdadeiramente como as ondas do mar, que crescem e morrem, sem que se tornem diferenciáveis uma das outras, sem que nenhuma atraia mais particularmente a nossa simpatia enquanto rola, sem que nenhuma, ao desaparecer, nos deixe uma mais especial recordação. Ora estas ondas, com o seu tumulto, não faltavam decerto em torno do rochedo de Robinson - e ele continua a ser, nos colégios e conventos, o modelo lamentável e clássico da solidão.
Eça de Queirós, in 'Correspondência'
(embora o mais correcto, segundo a poesia, seja com as cerejas)
Pablo Neruda assim o disse:
"Quando não te doeu acostumar-te a mim,
à minha alma solitária e selvagem,
a meu nome que todo afugentam.
Tantas vezes vimos arder o luzeiro
nos beijando os olhos e sobre nossas cabeças
destorcer-se os crepúsculos em girantes abanos.
Sobre ti minhas palavras choveram carícias.
Desde faz tempo amei teu corpo de nácar ensolarado.
Chego a te crer a dona do universo.
Te trarei das montanhas flores alegres,
copihues, avelãs escuras, e cestas silvestres de beijos.
Quero fazer contigo o que a primavera faz com as cerejas."
E tal como eu me perguntei...penso que o leitor também se pergunta...mas que raio faz a Primavera as cerejas/cerejeiras?
Pois bem...tal como a Primavera...faz de ti uma pessoa melhor, maior, mais bela e, sobretudo, mais madura...
Quero fazer contigo o que a Primavera faz às cerejas...
"Ao desconcerto do Mundo Os bons vi sempre passar No Mundo graves tormentos; E pera mais me espantar, Os maus vi sempre nadar Em mar de contentamentos. Cuidando alcançar assim O bem tão mal ordenado, Fui mau, mas fui castigado. Assim que, só pera mim, Anda o Mundo concertado." Luís Vaz de Camões
©Bill Watterson
"Os grandes acontecimentos da vida deixam-nos, com frequência, indiferentes; escapam à consciência e, quando pensamos neles, tornam-se irreais. Até as encarnadas flores da paixão parecem crescer nos mesmos prados das papoilas do olvido. Rejeitamos o fardo da sua memória e tornamo-las irreais dentro de nós. Mas as pequenas coisas, os pequenos instantes, permanecem. Em minúsculas células de marfim, o cérebro retém as mais subtis e fugazes sensações"
Oscar Wilde in O Retrato do Sr. W.H.
©Bill Watterson
Já não me lembrava qual a razão de gostar desta BD...acabei de me lembrar...bate sempre certo com a realidade...grande Bill!!
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